A propaganda é uma atividade humana tão antiga quanto os registros de que algo acontece ou aconteceu.
A inscrição de Beistum (c. 515 a.C.), detalhando a ascensão de Dario I ao trono persa, é vista pela maioria dos historiadores como um dos primeiros exemplos de propaganda. O Artaxastra escrito por Chanakya (c. 350−283 a.C.), um professor de ciência política na Universidade de Taxasila e um primeiro-ministro da Império Máuria na Índia antiga, discute propaganda em detalhes, tais como a forma de divulgá-la e como aplicá-la na guerra. O seu aluno Chandragupta Máuria (c. 340−293 a.C.), fundador do Império Máuria, empregou esses métodos durante sua ascensão ao poder.
Os escritos de romanos como Lívio são considerados obras-primas da propaganda estatal pró-Roma. O termo em si, origina-se da Sagrada Congregação Católica Romana para a Propagação da Fé (sacra congregatio christiano nomini propaganda ou, simplificando, propaganda fide), o departamento da administração pontifícia encarregado da expansão do catolicismo e da direção dos negócios eclesiásticos em países não católicos (territórios missionários). A raiz latina propagand_ remete ao sentido de "aquilo que precisa ser espalhado".
As técnicas de propaganda foram cientificamente organizadas e aplicadas primeiramente pelo jornalista Walter Lippman e pelo psicólogo Edward Bernays (sobrinho de Sigmund Freud, no início do século XX). Durante a Primeira Guerra Mundial, Lippman e Bernays foram contratados pelo presidente dos Estados Unidos Woodrow Wilson para influenciar a opinião pública para entrar na guerra ao lado da Inglaterra.
A campanha de propaganda de guerra de Lippman e Bernays produziu, em seis meses, uma histeria antialemã tão intensa que marcou definitivamente os negócios estadunidenses (e Adolf Hitler entre outros) com o potencial da propaganda de larga escala em controlar a opinião pública. Bernays cunhou os termos "mente coletiva" e "consenso fabricado", conceitos importantes na prática da propaganda.
A atual indústria das relações públicas é uma derivação direta do trabalho de Lippman e Bernays e continua a ser usada largamente pelo governo dos Estados Unidos. Durante a primeira metade do século XX, os próprios Bernays e Lippman tiveram uma bem-sucedida empresa de relações públicas.
Na União Soviética, a falsificação de fotografias era um recurso de contrainformação amplamente utilizado (veja: falsificações de fotografias na União Soviética).
A Segunda Guerra Mundial viu o uso contínuo da propaganda como arma de guerra, tanto pelo ministro da Propaganda de Hitler Joseph Goebbels como pelo "Comitê de Guerra Política" (Political Warfare Executive) inglês.
Alemanha nazista
Hessy Levinsons Taft, uma bebê judia, selecionada pessoalmente pelo ministro da propaganda do III Reich, Joseph Goebbels, para representar o "bebê ariano ideal" numa propaganda nazista. Goebbels não tinha conhecimento da ascendência de Taft.
A maioria da propaganda na Alemanha Nazista foi produzida pelo Ministério da Conscientização Pública e Propaganda ("Promi" na abreviação alemã). Joseph Goebbels foi encarregado desse ministério logo após a tomada do poder por Hitler em 1933. Todos os jornalistas, escritores e artistas foram convocados para registrarem-se em uma das câmaras subordinadas ao ministério: imprensa, artes, música, teatro, cinema, literatura ou rádio.
Os nazistas acreditavam na propaganda como uma ferramenta vital para o atingimento de seus objetivos. Adolf Hitler, o Führer da Alemanha, ficou impressionado com o poder da propaganda Aliada durante a Primeira Guerra Mundial e acreditava ter ela sido a causa principal do colapso moral e das revoltas na frente alemã e na Marinha em 1918. Hitler se encontrava diariamente com Goebbels para discutir as notícias e transmitir-lhe suas opiniões sobre os assuntos; Goebbels, então, reunia-se com os executivos do ministério e passava a linha oficial do Partido sobre os eventos mundiais. Radialistas e jornalistas precisavam de aprovação prévia antes de seus trabalhos serem divulgados. Mais, Adolf Hitler e alguns outros altos oficiais nazistas como Reinhard Heydrich não tinham dilemas morais em espalhar propaganda que eles mesmos sabiam ser falsa e deliberadamente difundiam informações falsas como parte da doutrina conhecida como a Grande Mentira.
A propaganda nazista pré-Segunda Guerra Mundial visava a atingir várias audiências distintas:
- Alemães, que eram lembrados constantemente do esforço do Partido Nazista e da Alemanha Nazi contra inimigos (especialmente os judeus) externos e internos;
- Alemães étnicos em países como a Tchecoslováquia, Polônia, União Soviética e Países Baixos, para os quais se afirmava que as raízes consanguíneas com a Alemanha eram maiores que a devoção a seus novos países;
- Inimigos potenciais, como a França e Grã-Bretanha, para quem se difundia que a Alemanha não tinha rivalidade com as pessoas do país, mas que seus governantes (franceses e ingleses) estavam tentando iniciar uma guerra contra a Alemanha.
- A todos os públicos, eram lembradas as conquistas e a grandeza cultural, científica e militar da Alemanha.
Até o final da Batalha de Estalinegrado, em 4 de fevereiro de 1943, a propaganda alemã enfatizava o progresso das tropas alemãs e a humanidade dos soldados alemães para com os povos dos territórios ocupados. Em comparação, os ingleses e aliados eram descritos como assassinos covardes, e os estadunidenses em particular como sendo bandidos como Al Capone. Ao mesmo tempo, a propaganda alemã procurou afastar os estadunidenses e os ingleses uns dos outros, e ambos dos soviéticos.
Depois de Estalinegrado, o tema principal da propaganda mudou para afirmar a Alemanha como a única defensora da Cultura ocidental Europeia contra as "hordas bolchevistas". Enfatizou-se a criação das "armas de vingança" V-1 e V-2 para convencer os bretões da inutilidade em tentar vencer a Alemanha.
Goebbels cometeu suicídio logo após Hitler em 30 de Abril de 1945. Em seu lugar, Hans Fritzsche, que havia sido o executivo da Câmara do Rádio, foi julgado e absolvido pelos Tribunais de Nuremberg.
Propaganda na Guerra Fria
Tanto os Estados Unidos como a União Soviética, utilizaram amplamente a propaganda durante a Guerra Fria. Os dois lados usaram filmes, programas de televisão e de rádio para influenciar seus próprios cidadãos, o outro e as nações do Terceiro Mundo. A Agência de Informação dos Estados Unidos operava a Voz da América como uma estação oficial do governo. A Radio Free Europe e a Rádio Liberty, em parte apoiadas pela Central Intelligence Agency (CIA), emitiam propaganda cinza nas notícias e nos programas de entretenimento na Europa Ocidental e União Soviética respetivamente. A estação oficial do governo soviético, a Rádio de Moscou, difundia propaganda branca, enquanto a Rádio Paz e Liberdade emitia propaganda cinza. Os dois lados também faziam propaganda negra, em especial na época de crises. Em 1983, a KGB pôs em prática a Operação INFEKTION, que acusou os estadounidenses de serem os criadores do vírus da AIDS. O dissidente Yuri Bezmenov, revelou para o ocidente os métodos de contrainformação empregados pela KGB e pela RIA Novosti para incitar a subversão em vários países (ver: Medidas ativas e Propaganda comunista).
A disputa ideológica e de fronteira entre a União Soviética e a República Popular da China resultou em inúmeras operações pós-fronteira. Uma técnica desenvolvida durante esse período era a transmissão "ao contrário", na qual o programa de rádio era gravado e transmitido de trás para a frente.
Nas Américas, Cuba serviu como a maior fonte e objeto de propaganda por estações tanto negras como brancas, operadas pela CIA e grupos cubanos exilados. A Radio Havana Cuba, por sua vez, difundia propaganda produzida pela Coreia do Norte, Vietnã do Norte e União Soviética. Entre 1961 e 1965, a Radio Free Dixie foi transmitida de Havana para o leste dos Estados Unidos pregando a luta contra o racismo.
Os livros de George Orwell Animal Farm (1945) e Nineteen Eighty-Four (1948) são exemplos virtuais do uso da propaganda. Embora não ambientados na União Soviética, seus personagens vivem em regimes autoritários nos quais a linguagem é constantemente corrompida para propósitos políticos. Essas obras foram utilizadas como propaganda explícita. A CIA, por exemplo, financiou secretamente uma adaptação para cinema de animação do livro Animal Farm nos anos 1950.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Propaganda